A direção da Lavras CE TV, decidiu não dar visibilidade a autores de massacres, principalmente em escolas como vem ocorrendo ultimamente.
A decisão se baseia em estratégias que vem sendo apontada por pesquisas a fim de reduzir a chance de novos ataques.
Calibraremos a cobertura sobre esses episódios, para evitar que o comportamento dos criminosos seja exaltado e reproduzido por outros agressores no futuro.
Um material elaborado pela Associação de Jornalistas de Educação (JEDUCA) sobre como cobrir ataques em escolas aponta que pesquisas sobre o tema identificaram que os agressores costumam ter o mesmo perfil.
São jovens de 10 a 25 anos, do sexo masculino, vítimas de bullying na escola e com características de isolamento social e indícios de transtornos mentais não diagnosticados ou não acompanhados.
Segundo a JEDUCA, eles se articulam em comunidades online nas quais há incentivo à violência e à misoginia, muitas vezes de subcultura extremista, e lá aprendem os métodos de ataque.
"A motivação, muitas vezes, é se vingar e mostrar o próprio valor, fazendo o maior número possível de vítimas. E a intenção é ser visto, ser reconhecido pelo ataque, então a visibilidade alcançada na mídia é um dos efeitos desejados pelos agressores. Geralmente, esta não é uma decisão aleatória, e sim planejada", afirma o Associação de Jornalistas.
A associação relata ainda que pesquisas sobre o tema indicam que a forma como a mídia cobre esses ataques pode aumentar a probabilidade de eles serem imitados e voltarem a acontecer.
"Quanto maior a exposição do agressor na mídia, maior a sua notoriedade, que geralmente é um dos objetivos dos ataques a escolas. Uma grande exposição do agressor gera um processo de 'santificação' do agressor entre seus pares, porque ele passa a ser visto como um grande exemplo", afirma o material da JEDUCA, com base em um seminário apresentado pela pesquisadora Catarina de Almeida Santos, da Universidade de Brasília (UnB).
"A difusão de fotos e vídeos do ataque funciona como um incentivo à repetição do acontecimento porque é vista pelos pares como um reforço à sua suposta competência. Além disso, a divulgação dos detalhes serve para criar um modelo para outros atentados", diz o texto.
No Ceará o Ministério Público emitiu nota em sua Rede Social Oficial (Instagram) sobre o fato:
NOTA PÚBLICA
O compartilhamento de informações, fotos e vídeos relacionados a ataques em escolas pode estimular a ocorrência de novos casos, prejudicar o trabalho de investigação dos órgãos de segurança pública e ainda gerar um pânico social com graves consequências.
Diante disso, o Ministério Público do Estado do Ceará recomenda que a população e os órgãos de imprensa não divulguem esses conteúdos, como nomes e fotos de agressores e vítimas, principalmente nas redes sociais, onde a propagação ocorre com muita velocidade e atinge um grande público.
O MP continua acompanhando as investigações sobre os últimos casos e pede que as ameaças sejam denunciadas no site www.gov.br/escolasegura.