A bebê se engasgou enquanto mamava e apresentou sinais de asfixia. Com as instruções da equipe médica por telefone, a própria família realizou os procedimentos necessários e, felizmente, conseguiu desobstruir as vias aéreas da recém-nascida.
A equipe de médicos da Central de Regulação de Urgência (CRU) de Juazeiro do Norte recebeu a ligação por volta das 12h45min. Do outro lado da linha estava Fabrício Alves Rodrigues, de 21 anos, pai da criança. Com a esposa ainda se recuperando de uma cesárea, foi ele quem tomou a iniciativa de ligar para o serviço de emergência ao se deparar com o estado da filha.
Ao O POVO, ele relata o momento. "Minha esposa foi dar de mamar a bebê. Pouco tempo depois, quando ela tirou (a bebê do peito), ela já percebeu que ela estava sem conseguir respirar bem e já começou ficar roxa. A primeira coisa que eu fiz foi lembrar do SAMU", conta o pai.
Mesmo aflito, o pai conseguiu descrever ao médico do SAMU que a criança estava com sinais de déficit de oxigenação e baixa consciência. Rapidamente, o profissional o instruiu a fazer a manobra de Heimlich, procedimento padrão em caso de engasgos, adaptada para um bebê. "Eu coloquei a bebê de bruços, com a mão segurando o tórax dela e dei cinco palmadinhas nas costas dela, de leve. Aí foi quando ela cuspiu um pouco de leite no chão e começou a chorar", explica Fabrício.
O pai conta ainda que, passada a situação mais grave, não demorou para que a ambulância de Unidade de Suporte Básico (USB) chegasse ao local. "Os médicos fizeram alguns procedimentos ainda na sala da minha casa, olharam a saturação e tudo", continua. Após isso, a pequena Maria Cecília foi encaminhada para o Hospital Municipal São Vicente Férrer, em Lavras da Mangabeira.
O médico de plantão da CRU, Álvaro Carvalho, foi quem atendeu o chamado e passou as primeiras orientações à família. "Prestar um atendimento a distância é sempre um desafio, pois estamos em uma situação em que não conseguimos ter a percepção real do que está acontecendo, o que faz com tenhamos que ter mais cuidado e atenção nesse perfil de atendimento", conta o profissional.
Apesar de ter recebido alta no mesmo dia, a pequena Maria Cecília, agora com 19 dias de vida, voltou a ser hospitalizada na tarde dessa segunda-feira, 11, por apresentar sinais de refluxo. Até o momento, contudo, ainda não há um diagnóstico para o atual estado de saúde da recém-nascida
O médico do SAMU 192 dá o alerta para os cuidados com engasgos em bebês recém-nascidos e crianças pequenas. "É muito importante analisarmos as posturas durante o ato de amamentar. De preferência, tentar manter a posição sentada e estar atento também a quantidade de leite ingerido. Se a criança começa a acumular leite em sua boca e esse começa a escorrer, é um sinal de que ela pode engasgar. Então deve ser tirado do peito", explica Álvaro.
Outra questão apontada por Álvaro é que, após cada mamada, é muito importante que a mãe, o pai ou algum cuidador prossiga com a indução do processo digestivo. Deve-se segurar a criança no colo, de preferência em pé, e fazer uma caminhada. A intenção é induzir o arroto ou, até mesmo, a regurgitação do excesso, que conhecemos popularmente como gorfo, antes de deitar essa criança. Dessa forma, o risco de engasgos ou até de pneumonias aspirativas é reduzido consideravelmente.