Diante da pandemia de Covid-19 instaurada no mundo, e mais precisamente no Ceará desde março de 2020, o diagnóstico da infecção pelo novo Coronavírus tem se mostrado um desafio urgente em todo o mundo. E no Ceará, um dos estados brasileiros que mais testou para Covid-19, o Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) é o protagonista dessas testagens superando a marca de 500 mil testes desde março de 2020. Mas por trás destes números, há pessoas que se dedicam incessantemente para atender os cearenses.
Tais dados, considerados expressivos, evidenciam a dimensão e a importância do Lacen no contexto da saúde pública no Ceará, não só na assistência como também nas tomadas de decisões de Vigilância em Saúde, mas a diretora geral do Lacen, Dra. Liana Perdigão ressalta a dedicação dos seus profissionais.
“A equipe de profissionais do Lacen vem trabalhando arduamente, incluindo sábados, domingos e feriados, para atender aos pacientes de todo o Estado do Ceará. E esse esforço pode ser traduzido nos nossos números, onde foram realizados desde o dia 15/03/2020 até 30/07/2021, um total de 580 mil exames. No início da pandemia, os exames eram realizados em até 24h da solicitação. No entanto, diante do grande volume de casos suspeitos de Covid-19 no Ceará, a demanda de exames a serem realizados, se tornou uma realidade assustadora, diante da qual tivemos de adaptar e acelerar nosso trabalho, passando de 100 exames/dia para 3.000 exames/dia, no pico da pandemia”, apontou.
O teste para descobrir se o paciente está ou não com a Covid-19 trata-se de um teste de biologia molecular, que já vem sendo usado em laboratórios desde 1983 para diagnosticar outros vírus e em diversas áreas de pesquisa. “No caso atual, ele detecta um fragmento do genoma do novo coronavírus, e isso só pode acontecer, graças ao investimento que o Governo do Estado realizou, com a compra de novos equipamentos”, explica a Dra. Liana.
Formada em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e com especialização em Gestão Pública e Desenvolvimento Gerencial, pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), Dra. Liana possui bastante experiência em gestão laboratorial.
Sua trajetória no Lacen teve início em 1987, quando chefiou a Divisão de Biologia Médica. Em 1990 assumiu a direção do laboratório e durante a sua gestão importantes setores foram criados, como o laboratório de isolamento viral, que realiza exames para diagnóstico de dengue; o laboratório de controle dos medicamentos, que monitora a qualidade das especialidades farmacêuticas disponíveis para uso da população, e o laboratório de biologia molecular, para sorologia de dengue, influenza e zika. Além disso, instituiu o Programa de Gestão da Qualidade e Biossegurança da unidade. Ainda na administração do Lacen foi diretora por outras três gestões até 2006, incluindo membro efetivo do Conselho de Diretores dos Lacen do Ministério da Saúde, retornando ao comando do laboratório em julho de 2016 até a presente data.
“O Lacen virou minha segunda casa, tenho uma ligação profissional muito estreita com a instituição, e já passei por aqui por tantas vezes, que me sinto confortável. Estou aqui todos os dias, o dia inteiro, e não apenas o local, mas todos seus profissionais acabam por serem também minha família. Esse mesmo corpo de profissionais oferece à sociedade cearense e às autoridades sanitárias sua dedicação, competência e resiliência perante a pandemia de Covid-19, colocando em prova todo o seu comprometimento com a saúde do Ceará”, revela a diretora.
A farmacêutica já atuou em outras áreas. Em 1975, foi farmacêutica do Controle de Qualidade da indústria farmacêutica Gaspar Viana; atuou como farmacêutica responsável pelo Laboratório Sanber no Nordeste em 1987; em 2004 foi eleita pelo Conselho Federal de Farmácia como a farmacêutica do ano; entre 2008 e 2011 chefiou o Laboratório de Farmácia Central do Complexo Universitário da Universidade Federal da Ceará (UFC), e de 2012 a 2015 fez parte do grupo de estruturação do Laboratório Escola da Faculdade de Farmácia da UFC.
Fundado há exatos 58 anos, o Lacen desempenha, atualmente, um importante papel na descentralização de procedimentos diagnósticos para a Rede Estadual de Laboratórios de Saúde Pública (05), facilitando o acesso do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) do interior do Estado.
Na intenção de aumentar a capacidade de diagnóstico no Estado do Ceará, deu-se início à descentralização da realização dos exames de Covid-19. O Lacen, conforme legislações do Ministério da Saúde, validou outros laboratórios sendo necessária visita técnica e sequencial avaliação dos critérios de qualidade (gestão da qualidade e biossegurança, recursos humanos capacitados, boas práticas laboratoriais, equipamentos compatíveis para uso dos insumos em biologia molecular. O laboratório do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) foi o primeiro que foi validado, dentre outros laboratórios, incluindo os laboratórios da rede particular de Fortaleza.
O Lacen se destaca também nos diagnósticos para dengue, febre Chikungunya, testes de genotipagem, referência regional para micobactéria tuberculose multirresistente e nacional em melioidose. Possui em sua estrutura física um Laboratório de Nível de Biossegurança III, destinado ao trabalho com microrganismos que acarretam elevado risco individual e baixo risco para a comunidade. Além de realizar diagnóstico de doenças de notificação compulsória e outros agravos, conta com laboratório de determinação de paternidade por análise de DNA, faz o controle da qualidade de produtos e serviços.