Com a piora do cenário econômico e perda de postos de trabalho, a taxa de desemprego no Ceará bateu recorde ao fim de 2020 ao alcançar a taxa de 14,4%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) - a sociedade se mobiliza para ajudar quem teve a renda afetada durante a pandemia. Algumas dessas iniciativas partem de figuras políticas, mas fora dos espaços de poder: parlamentares e secretários municipais doam seus salários para a compra de cestas básicas ou auxílio a entidades beneficentes.
Membros do poder público municipal, o vereador Leo Couto (PSB), o chefe da Regional 3, Michel Lins (Cidadania), e o secretário do Esporte e Lazer, Ozires Pontes, doaram todo o salário para a compra e distribuição de cestas básicas à população fortalezense. O vereador Carmelo Neto (Republicanos) também participou da ação, mas com metade do salário.
“No ano passado, quando ainda não era vereador, fiz uma campanha com alguns parceiros e conseguimos dez toneladas de recursos. Então, vendo a situação como está hoje, decidi doar meu salário líquido deste mês para a compra de cestas básicas”, disse Léo Couto, que incentivou colegas da Câmara e do governo municipal a fazerem o mesmo.
Outro parlamentar cearense que tomou iniciativa semelhante foi o deputado federal Heitor Freire (PSL). Por meio do projeto Doando Esperança, ele comprou mil cestas básicas, que serão entregues nas próximas semanas em Fortaleza e no interior do Estado a famílias em situação de pobreza. Além disso, de acordo com o deputado, serão distribuídas, semanalmente, 500 marmitas em todo o Ceará.
Ações no início da pandemia
Além da iniciativa pontual de alguns políticos de Fortaleza, citada acima, a própria Câmara Municipal articulou, junto à Mesa Diretora, a arrecadação de R$ 82 mil para o reforço no combate à pandemia de Covid-19. Os recursos advindos dos salários dos vereadores foram repassados ao Fundo Municipal de Saúde.
O deputado Guilherme Landim (PDT), líder de bloco multipartidário na Assembleia Legislativa, também mobilizou recursos próprios para os municípios de Brejo Santo, Abaiara e Mauriti. Ainda em maio do ano passado, o parlamentar adquiriu cestas básicas e materiais de higiene pessoal para quatro entidades beneficentes, com o salário bruto de R$ 25.322,25.
Também no início da pandemia, o prefeito de São Gonçalo do Amarante, Professor Marcelão (Pros), deu parte do seu salário para a campanha Adote Uma Família, que distribui alimentos, máscaras e produtos de higiene para grupos em situação de vulnerabilidade social.
Extrema pobreza no Ceará
De acordo com dados do Cadastro Único, em outubro de 2020, mais de 5 milhões de cearenses se encontram em situação de pobreza e extrema pobreza. Desse total, 3.068.443 de pessoas sobreviviam com R$ 89 por mês.
Esse valor é quase seis vezes menor que o da cesta básica em Fortaleza, no registro de fevereiro deste ano (R$523,46), que teve alta de 13,27% em seis meses (R$462,13 em agosto de 2020).
O montante de cearenses na pobreza e na extrema pobreza é equivalente a 55,75% da população do Estado, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano passado.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE