Com um total de mil jovens inscritos, a quarta edição do Projeto Virando o Jogo teve início nesta semana, em Fortaleza. A ação irá abraçar 31 bairros da Capital em seis áreas da cidade. Ainda nesta quarta-feira (15), os matriculados seguem participando de um momento de acolhimento, onde recebem mais detalhes sobre as atividades e também podem tirar todas as dúvidas. As aulas da primeira fase do Virando, focada na formação cidadã e ação comunitária, começarão na próxima segunda-feira (20).
Realizado em parceria com a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), o Virando o Jogo é direcionado para jovens, entre 15 a 19 anos, que não estudam e não trabalham. O jovem matriculado ao Virando o Jogo, de início, atravessa os módulos de formação cidadã e ação comunitária. Logo depois, é a vez da qualificação profissional com um reforço em assuntos como esporte e cultura. Em um último momento, acontece o enfoque em áreas voltadas para o empreendedorismo. Todos esses passos são alinhados à reinserção escolar e ao acompanhamento familiar.
Nesta edição, Fortaleza terá como área de atuação os bairros Vicente Pinzon, Cais do Porto, Mucuripe, Alto da Balança, São João do Tauape, Jardim das Oliveiras, Moura Brasil, Pirambu, Barra do Ceará, Carlito Pamplona, Cristo Redentor, Vila Velha, Quintino Cunha, Floresta, Antônio Bezerra, Genibaú, Granja Portugal, Autran Nunes, Bonsucesso, Pici, Bom Jardim, Granja Lisboa, Manoel Sátiro, Siqueira, Planalto Ayrton Senna, Canindezinho, Barroso, Conjunto Palmeiras, Curió, Jangurussu e Messejana.
Os locais são escolhidos através de critérios que levam em conta dados socioeconômicos, números relativos à população na faixa etária de 15 a 19 anos, como índices de quantidade de jovens por área e evasão escolar, entre outros.
Foi sobretudo na base da propaganda boca a boca, espalhada por quem já passou pelo mesmo processo formativo, que a maioria dos novatos chegou aos primeiros dias dentro do Virando o Jogo, todos com sede de conhecimento e oportunidades a olhos vistos.
“A minha irmã participou da primeira edição do Virando o Jogo – Superação e eu vi o quanto isso fez diferença na vida dela, depois que passou por um curso de Administração. Quando terminou a formação ela conseguiu uma vaga como Jovem Aprendiz, graças ao projeto. E com isso ganhou experiência profissional, que não tinha antes, né? E depois ela não teve mais dificuldade em conseguir um emprego. Então, eu vim estimulado por ela e na expectativa de fazer um curso na área da Informática para também mais adiante ter chance de me inserir nesse mercado de trabalho”, diz Iuri Ribeiro, 19 anos, morador do bairro Jangurussu.
De mãos dadas com a mãe, Ana Beatriz Silva Paiva, 16, entrou em sala de aula para fazer diferente do restante da família. É o que atesta sua mais entusiasmada acompanhante e protetora, Stefânia da Silva: “eu vim acompanhando a minha filha primeiro porque acho perigoso ela andar sozinha no bairro e também porque sempre defendi a importância dos estudos para meus nove filhos. Eu não tive essa oportunidade de estudar e por isso não quero que façam igual a mim. Vivo de faxina e do bolsa família, e só. O pai deles é dependente químico e nunca me ajudou. Então, quero que ela aproveite essa chance de aprender uma profissão. Ainda mais porque vai ganhar vale-transporte e um dinheirinho pra ajudar em casa. Tá tudo facilitado. E só quem tem estudo pode melhorar de vida”, pontuou.
Ana Beatriz, que cursou até o 9º ano em uma escola pública do bairro, entendeu o recado da mãe batalhadora. E já faz planos: “quero fazer o curso de administração porque tanto posso ser uma empresária como montar meu próprio negócio para ganhar logo algum dinheiro e ajudar nas despesas de casa. Essa ajuda de custo que o projeto dá já vai servir pra isso também. Porque minha prioridade é mesmo arrumar um trabalho e me sentir capaz. Entre estudar e trabalhar hoje escolho trabalhar. Pelo menos até a situação financeira melhorar. Minha mãe acha que o projeto Virando o Jogo possa ajudar nisso. E eu quero tentar”, finalizou.