Reinventar as possibilidades para sonhar e realizar um novo futuro. É isso que o projeto Virando o Jogo – Superação, desenvolvido pelo Governo do Ceará, por meio da Vice-Governadoria, representa para o jovem Gael Barreto, de 21 anos, morador do bairro Jacarecanga, em Fortaleza. Gael é um dos 603 jovens participantes da primeira turma do Virando o Jogo, que teve a cerimônia de formatura realizada na manhã desta quarta-feira (17), no Palácio da Abolição, com transmissão ao vivo pelas redes sociais. “Antes, eu me via sem um futuro muito próximo. O projeto mudou minha vida de um jeito que não tem explicação, com relação ao estudo, que é a base de tudo, e emprego, buscando aprender sempre mais”, contou Gael.
Os certificados foram entregues simbolicamente aos representantes dos formandos pelo governador Camilo Santana e pela vice-governadora Izolda Cela, acompanhados da secretária da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), Socorro França; do presidente da Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio), Luiz Gastão; do coronel comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE), Ronaldo Roque; e da assessora especial da Vice-Governadoria, Carla da Escóssia.
De acordo com o governador, o Virando o Jogo é uma ação pioneira que integra o Programa Superação. “Para nós, é muito dignificante hoje ver resultados importantes, ver essa meninada que, às vezes, estava sem esperança, e agora vai trabalhar no Banco do Nordeste ou está empolgada para montar seu negócio. Esse é o objetivo do Virando o Jogo – Superação. Nós queremos virar o jogo a favor desses jovens”, afirmou Camilo Santana, destacando que os jovens podem ter acesso aos programas Ceará Credi e Mais Empregos Ceará.
O projeto amplia as oportunidades para os jovens entre 15 e 19 anos, que não estudam e não trabalham, ofertando uma série de ações socioeducativas, qualificação profissional, esporte e cultura, no intuito de incentivar o retorno dos jovens ao ambiente escolar, fortalecer vínculos familiares e comunitários, além de oportunizar sua inserção no mercado de trabalho.
Para isso, o Virando o Jogo é realizado em seis áreas de Fortaleza e tem a duração de sete meses, sendo dividido em três fases: formação cidadã e ação comunitária, qualificação profissional e atividades esportivas ou culturais e mercado de trabalho, empreendedorismo e gestão financeira.
A vice-governadora enfatizou que o projeto está integrado a uma política que foca no desenvolvimento da geração, contemplando desde a Primária Infância até o investimento no Ensino Superior. “A falta de oportunidade e expectativa gera riscos para a vida de um jovem que tem muita energia para um jovem que quer sonhar e conseguir as coisas. O desenho desse projeto é intersetorial. A SPS, a Dra. Socorro França e sua equipe dedicada têm uma parcela de comprometimento e responsabilidade muito importante nisso. São protagonistas na oferta do Virando o Jogo. O Comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Ronaldo, que também com a sua equipe responsável tem sua participação, até pela sua experiência em projetos jovens”, detalhou Izolda Cela, ressaltando a parceria também com a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
Nesse sentido, os jovens passam por treinamentos e de cursos profissionalizantes ao longo de sete meses nas seguintes modalidades: assistente administrativo, vendedor, manicure e pedicure, maquiador, montador e reparador de computadores, pizzaiolo, salgadeiro, eletricista, modelista e fotografia. O investimento previsto para o projeto como um todo é de R$ 47.624.356,14.
Para o presidente da Fecomércio, o projeto dignifica a parcela da juventude cearense que mais precisa de atenção. “Os nem-nem, eu diria que são pessoas que estão sendo esquecidas pela sociedade, que não estão trabalhando, não estão estudando, e por algum motivo ficaram ao relento, de ir buscar essas pessoas para a cidadania e dignidade da vida através do estudo e do trabalho. Então, é uma honra, para nós da Fecomércio, participar desse projeto”, avaliou Luiz Gastão, garantindo que o Sistema Fecomércio continuará firme na parceria para o Virando o Jogo.
Como destacado pelo governador, a outra frente importante do projeto é a reinserção escolar, que compreende o processo de sensibilização e acompanhamento técnico para propiciar o retorno do jovem evadido para a rotina escolar, com o objetivo de promover a continuidade da educação formal dos jovens em situação de abandono ou evasão escolar. A partir de cada situação, o jovem é inserido na Educação de Jovens e Adultos ou Ensino Regular. O processo de sensibilização é contínuo e acontece até o jovem retornar à escola. A iniciativa é executada por meio da articulação com a Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) e com a Secretaria Municipal de Educação (SME).
“Um dos grandes objetivos do estado do Ceará e da secretaria da educação é não perder nenhum aluno na escola. A gente já tem um programa dentro da secretaria da educação, que inclusive estamos hoje com três mil bolsas para alunos das nossas escolas, fazendo a busca ativa dos alunos que estão faltando na escola. E aqueles que já perdemos, o Virando o Jogo também busca trazer de volta para que ele possa concluir suas séries”, reforçou Camilo Santana.
Os jovens também receberam auxílio financeiro durante todas as fases do projeto (R$200 na 1ª fase; R$ 250 na 2ª fase; e R$ 300 na 3ª fase), vale transporte para todas as atividades, fardamento, lanche e material didático e Vale Gás Social, durante a pandemia.
Além da Capital, a cidade de Sobral, na região Norte, também iniciou a 1ª turma em outubro de 2021, atendendo atualmente 173 adolescentes e jovens da Área 1 (Vila União, Terrenos Novos e Caiçara). Segundo Camilo Santana, o projeto será ampliado para mais municípios. “Em breve, vamos lançar o edital para municípios da Região Metropolitana e interior do Ceará”, garantiu.
A 1ª edição do Virando o Jogo teve início em dezembro de 2019, com cerca de mil jovens matriculados em quatro áreas (1, 2, 5 e 6). Em decorrência da pandemia de Covid-19, que teve início em março de 2020, as atividades migraram para o on-line. “A formação cidadã aconteceu de forma presencial, chegaram até a fazer a ação comunitária. Quando iniciaram a fase de qualificação, então veio a pandemia, tivemos que suspender as atividades, e continuamos no modo on-line”, explicou Carla da Escóssia.
As atividades presenciais da primeira turma retornaram ao modelo presencial em novembro de 2020, após flexibilização dos decretos, finalizando com a participação de 603 adolescentes e jovens. Já a 2ª edição do Projeto teve início em maio de 2021 em cinco áreas de atuação. A edição atualmente está na etapa de qualificação profissional, com a participação de 805 adolescentes e jovens nos cursos de qualificação profissional e praticando atividades esportivas e culturais.
Apesar dos percalços da pandemia, Gael não desistiu de concluir o curso de assistente administrativo, e o apoio da mãe foi muito decisivo. “Nós que somos mães queremos o melhor pra eles, então cada projeto que aparece na comunidade, a gente agarra, entende? Ele está crescendo cada dia mais. E eu acho isso maravilhoso, maravilhoso mesmo, e eu me orgulho cada vez que ele entra num projeto ou curso, eu fico muito orgulhosa. Você imaginar que seu filho não vai fazer outras coisas que não convém para gente, é bom, né? Por isso, eu digo para as outras mães que corram atrás”, relatou Sandra Barreto, mãe do Gael.
Todos os adolescentes e jovens têm acompanhamento individual e familiar por meio de equipe composta por assistentes sociais e psicólogos que realizam atendimentos, encaminhamentos, visitas domiciliares e grupos temáticos.
Além de fortalecer o laço familiar, o Virando o Jogo estimula nos jovens a integração com o território. Esse vínculo com a comunidade é despertado por meio das ações sociais executadas na comunidade onde o jovem mora. Esse despertar foi transformador para Walisson Oliveira, de 20 anos, que já foi participante do projeto e atualmente é articulador.
“O Virando o Jogo oferece não somente uma mudança de você ter um dinheiro a mais, de ter uma oportunidade, de ter um bom emprego, mas principalmente mudança de mente. O jovem aprende a ter responsabilidades, aprende que a vida que você leva é muito abaixo daquilo que você pode render. O projeto muda o teu jeito de ser, de agir, de pensar sobre as pessoas, e o jovem começa a pensar muito menos em si e mais no próximo”, afirmou Walisson.
O articulador destacou, ainda, a importância desse modo de pensar para a juventude da periferia. “Um jovem da periferia tem sim a chance de ser alguém, de as pessoas olharem pra ele e verem algo diferente. E o jovem precisa das outras pessoas para que isso possa acontecer. Para que você possa brilhar é preciso também do brilho de outras pessoas na sua vida”.
A 3ª edição, que está com inscrições abertas até 22 de novembro, já recebeu 800 inscrições. Ainda restam 200 vagas. Os(as) interessados(as) devem se inscrever por meio do site: superacao.ceara.gov.br/presentation/index
