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Hospitais da rede estadual fortalecem compromisso com a saúde e o meio ambiente

Publicada em 04/11/21 às 12:03h - 28 visualizações

por Bruno Brandão, Isabelle Azevedo, Márcia Catunda, Teresa Fernandes e Valéria Alves - Ascom Sesa


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 (Foto: Ascom Sesa)

Com garrafas pet, revistas, caixas de papelão, copos de geleia e palitos de picolé, a terapeuta ocupacional da Casa de Cuidados do Ceará (CCC), Natalia Costa, realiza oficinas com quem está internado no equipamento — implementado pelo Governo do Estado, inicialmente, para tratar acometidos pela Covid-19, mas que já acolhe pessoas com outros diagnósticos. As atividades manuais fazem parte do “Circuito Psicomotor”, no qual doentes e cuidadores podem expressar seus sentimentos ao construir e ressignificar os objetos, estimulando, ao mesmo tempo, funções executivas, coordenação motora, integração socioemocional e vínculo família-paciente.

“Nessa atividade, eles dão um novo olhar, um novo significado, com o objetivo de expressar o que estão sentindo naquele momento ou até mesmo de desenvolver novas habilidades. Além disso, há o compartilhamento de conhecimento, quando um paciente ensina outro a fazer determinada técnica. Também é um estímulo para que aquela pessoa que não tem nenhum trabalho possa conseguir complementar a renda com a venda dos materiais”, avalia Costa.

Assim como a Casa de Cuidados, outras unidades da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) reutilizam produtos que poderiam ser descartados, mas que caminham para um destino mais sustentável. Os equipamentos também estimulam o consumo consciente de água e energia, por exemplo.

Além de fechamento automático, as torneiras do HRN vêm equipadas com arejadores, sistema que possibilita economia de água de até 90%

O Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), em Fortaleza, com o regime de escassez hídrica determinado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), tem reforçado práticas para frear o dispêndio. O coordenador da Engenharia da Manutenção do hospital, Willamy Ungary, pontua algumas sugestões para minimizar os efeitos do aumento no consumo.

“São recomendações que servem para nossas casas e para nosso ambiente de trabalho, como desligar lâmpadas e equipamentos quando não estiverem em uso; manter portas, janelas e outras saídas dos ambientes vedadas para evitar consumo excessivo pelo ar condicionado; programar computadores e monitores para entrar em modo de economia de energia quando em longos períodos de inatividade e substituir lâmpadas comuns pelas de LED”, orienta o engenheiro civil.

Medidas semelhantes são adotadas no Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral. Torneiras com temporizadores e uso de energia solar para aquecimento de água são algumas das soluções inteligentes utilizadas. A unidade dá preferência, ainda, a equipamentos que possuem o selo Procel de eficiência energética. As centrais de ar-condicionado, por exemplo, representam uma economia superior a 60%. Além de ser possível controlar a temperatura, permite desligar a refrigeração nas áreas administrativas entre 19h e 6h.

As torneiras, que fecham de forma automática para evitar desperdício de água, vêm equipadas com arejadores, que ao misturar bolhas de ar ao fluxo economizam até 90% do insumo, segundo o fabricante. Outra iniciativa que reduz o impacto ambiental foi a substituição da grama por vegetação nativa, economizando 1 mil m³ de água durante a rega.

Gerenciamento de resíduos sólidos

No Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro do Norte, além de todo o resíduo ser separado e descartado como recomenda o Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos em Saúde (PGRSS), a unidade incentiva o descarte correto de pilhas e baterias — sejam elas utilizadas pelos setores ou pelos colaboradores em suas residências. Há três pontos de coleta no local.

Esse tipo de material não deve ser descartado em lixo comum, visto que possuem substâncias que, quando em contato com o meio ambiente, podem ter efeito muito tóxico e prejudicial à saúde, como mercúrio, cádmio e níquel.

O presidente da Comissão de Gerenciamento de Resíduos em Serviços de Saúde, Edgar Pereira de Aguiar explica que a ação surgiu da necessidade de conscientizar os profissionais a respeito do descarte correto desses produtos. “Quando alguém descarta esse tipo de material, que tem substâncias químicas, coloca em risco todo o meio ambiente. Pensamos, então, em disseminar essa informação aqui dentro do HRC, mas também para que os colaboradores levem essa atitude para suas casas, porque isso vai trazer melhorias para o ecossistema. Vamos avaliar depois quais setores mais geram esse tipo de resíduo para poder expandir a quantidade de pontos de coleta”, avalia.

HRN utiliza energia solar para aquecer água de alguns setores

Selo Verde

O Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), localizado em Quixeramobim, no semiárido cearense, adota, desde 2017, o “Selo Verde”, certificação interna que premia os setores que realizam o descarte correto de resíduos sólidos. “Criou-se critérios de avaliação do resíduo do posto de Enfermagem, da sala de utilidades e das enfermarias, onde nós analisamos o descarte dos resíduos comuns, infectantes e químicos, e avaliamos também os hampers — cestos usados para transportar roupas sujas, infectadas ou contaminadas sem ter contato com outros ambientes — para ver se não há resíduo descartado junto com o enxoval”, explica o enfermeiro coordenador da Hotelaria do HRSC, John Nascimento.

A unidade aposta, ainda, na separação do material reciclável. Os resíduos são provenientes de lixeiras apenas do Posto de Enfermagem, identificadas para o descarte de papel e plástico. “Isso é para garantir que nenhum material foi contaminado com alguma bactéria potencialmente resistente, proveniente do serviço”, pontua Nascimento. Os colaboradores podem contribuir com os resíduos recicláveis, depositando o material em uma lixeira na área externa do hospital. De janeiro a julho de 2021, foram coletadas dez toneladas de lixo reciclável. Em 2020, este número chegou a 16 toneladas.

Atividades manuais com materiais recicláveis fazem parte da rotina de pacientes da CCC

O material coletado é recolhido e vendido, ajudando a manter outro projeto: a compostagem. Os resíduos orgânicos, como cascas de frutas e ovos, provenientes do setor de Nutrição do HRSC, são destinados para um posto de compostagem que funciona no próprio hospital. O resultado disso é a produção de adubo orgânico, usado no fortalecimento do solo dos jardins da unidade. Em 2020, 14 toneladas de material orgânico foram destinadas para a produção de adubo.

As iniciativas ambientais renderam ao HRSC uma menção honrosa no Prêmio Amigo do Meio Ambiente 2019. O hospital recebeu, no mesmo evento, uma placa de reconhecimento do “Desafio dos Resíduos”, iniciativa da Rede Global Hospitais Verdes e Saudáveis e da organização internacional Saúde Sem Dano, conduzida no Brasil pelo Projeto Hospitais Saudáveis.




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