Moradores que fazem parte do grupo de 35 apostadores de São José da Bela Vista, a 390 km de São Paulo, que afirmam que pagaram para participar do bolão vencedor da Mega da Virada, mas não foram contemplados com o prêmio, estariam sofrendo ameaças e sendo impedidos de falarem sobre o assunto, apurou o UOL com alguns deles, que não quiseram se identificar.
Alguns dos apostadores que se sentem lesados trabalham na prefeitura do município em diversas funções. Dois deles afirmam que uma reunião foi realizada pelo prefeito Walter Cássio Carvalho Faccirolli (Podemos), para tratar do assunto.
"O prefeito fez uma reunião e disse que quem falar em assunto de loteria, ele vai abrir processo administrativo", disse um dos apostadores que tenta conseguir parte dos R$ 108 milhões da aposta vencedora no último sorteio da Mega-Sena em 2022.
"A gente prefere nem falar mais nada porque pode perder o emprego. WhatsApp, eu nem respondo mais", disse o outro.
No grupo de apostadores que afirma também ter direito a parte do prêmio estão funcionários públicos, amigos e até mesmo familiares do organizador do bolão, que é um ex-secretário de obras do município. O homem teria deixado o cargo no início de dezembro de 2022.
A reportagem do UOL entrou em contato com a prefeitura de São José da Bela Vista, que informou que não vai se pronunciar sobre o assunto. Não houve negativa ou confirmação sobre a imposição de que o assunto loteria deixasse de ser tratado na sede do executivo municipal.
Após a divulgação de que uma aposta de São José da Bela Vista (SP) havia sido uma das premiadas na Mega da Virada muito se especula sobre quem são os nove ganhadores, integrantes do bolão feito pelo ex-secretário municipal.
O nome do prefeito Walter Cássio Carvalho Faccirolli (Podemos) circulou como sendo um dos possíveis ganhadores, mas ele desmentiu o caso, em um vídeo publicado em suas redes sociais.
"Eu gostaria muito que fosse verdade a notícia que está circulando, mas eu não confirmo em nenhum momento essa premiação", disse ele.
Uma aposta da Mega da Virada virou caso de polícia nesta semana após um grupo de 10 moradores de São José da Bela Vista (SP), registrar um boletim de ocorrência contra o responsável por organizar um bolão que faturou R$ 108,3 milhões na Mega da Virada.
O bolão teria reunido, ao todo, 44 cotas, com o valor de R$ 30 cada para participar. No entanto, o organizador usou o valor arrecadado para realizar dois jogos separados — e não teria avisado aos participantes. Os dois jogos, no entanto, não foram divididos entre todos os participantes: uma aposta foi dividida entre 35 pessoas e uma outra, que acabou premiada, entre apenas 9 apostadores - cada um faturou R$ 12 milhões.
Procurado, o advogado do organizador dos bolões afirma, no entanto, que foram feitas duas apostas distintas por se tratarem de dois grupos diferentes — sendo o vencedor um coletivo de amigos que já apostam juntos há vários anos.